sexta-feira, 13 de novembro de 2009

A minha escola



Hoje acordei a pensar na minha, salvo seja, escola primária de Vilarinho, na minha paróquia, Vila Praia de Ancora. Lembrei-me de muitos colegas de escola, de alguns momentos inocentes e até da professora.  A professora D. Lurdes,  não podia esquecer… batia-me dia sim, dia sim…às vezes, de manha e de tarde! Por mais que escondêssemos ou partíssemos as réguas, não adiantava! A professora descobria ou pedia emprestada à professora da outra sala: "Amélia, empresta-me a tua régua que estes vão já levar!" Aparecia uma nova régua ou um pau! Foi a partir dessa data que me apercebi que tinha poderes de adivinhar cenas que iam acontecer. Mal me chamava ao quadro já ia a chorar porque já sabia que ia levar! E levava! Também aprendi mais depressa e melhor a  saber dividir porque a professora dividia as reguadas pelas duas mãos. Lembro-me de, numa composição, ter dado um único erro e ter levado 10 reguadas, 5 em cada mão! Qual foi o erro? Burroçado, em vez de… rebuçado! Pois, foram bem dadas! Eu era um cócó sempre a chorar, sempre remeloso! A caligrafia era péssima e nem mesmo eu conseguia ler o que tinha escrito. Alem de levar reguadas também me puxava as orelhas e deve ser por isso que ouço bem! Certo dia um colega escreveu numa composição sobre o melhor amigo do homem: “ ...o melhor amigo do homem é o quatro patas.” O pobre levou logo nas mãos e nem sequer era mentira, o melhor amigo do homem tem mesmo quatro patas...excepto o Tripé, o cão aqui da rua! Essencialmente a professora só nos batia-nos por duas razões: por tudo e por nada! No início ainda existiam “carteiras”, as antigas mesas de escola com tampo inclinado, banco e mesa num só móvel, tudo em madeira! Lindas!

     Depois recebemos mesas novas, com as pernas, ou pés, de ferro que até davam jeito para arrefecer as mãos esquentadas!  Recentemente revi o João (Joaninha) que era o aluno mais velho da escola e o mais destemido. João foi um dos que tentou matar a professora! Ainda lhe atirou um paralelo mas não lhe acertou!  A escola tinha quartos de banho (ou casas de banho, tanto dá) com sanitas a caçador com aroma a lixívia e   naftalina. Terá sido na escola que conheci, pela primeira vez, as famosas e intragáveis bolas de naftalina! Essas bolas também eram usadas pra jogar ao berlinde mas tinha de ser no cimento porque na areia ou terra não rolavam! Espectacular! O recreio era sagrado, jogávamos futebol sem bola, bilharda, berlinde e espeto como se o dia seguinte não existisse! Muitas vezes fugíamos para as "minas de água" ou grutas existentes no monte mais próximo, o  mesmo por onde hoje passa o acesso à A28. Era o nosso esconderijo.Valia tudo! As calças duravam pouco, eram salvas pelos remendos de napa nos joelhos! Ontem era uma necessidade, hoje está na moda!  No final do dia de escola, dantes não dizíamos aulas mas sim escola, fazíamos uma desvairada corrida para ver quem chegava primeiro à fonte! Alguns dentes terão ficado nos paralelos, era uma autentica loucura!  A fonte  foi recuperada e ainda existe.


Não sei porque me lembrei da minha escola mas ainda bem! Lembro-me que muitos pais iam à escola dar ordem à professora para, se nos portássemos mal, nos por na linha! Com pais assim, quem precisava de inimigos!!!  Acho que a minha maezinha foi à escola pedir para D. Lurdes não gritar tanto com o menino enfezado... eu! Tudo se perdoa e agora costumo dizer "ela não era mau diabo"...mas, mesmo que só um bocadinho, era diabo! Ainda bem.

2 comentários:

  1. ahhh era mesmo assim. Eu estava lá. Ainda me lembro de uma que fui para as minas e grutas e fui parar aos aurélios :D

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  2. Eu também andei nesta escola no ano de 1980,mas já não me lembro do nome da minha professora nem dos meus colegas!Lembro-me apenas de um chamado Firmino que tinha acabado de perder o meu numa viagem de avião!Nunca mais soube nada dessa gente,era muito pequenina quando vim de Vila Praia!

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